Santa Luzia é uma freguesia urbana do concelho e cidade de Angra do Heroísmo, Açores, com 1,20 km² de área1 e 2 755 habitantes (2011), o que corresponde a uma densidade populacional de 2 295,8 hab/km², a mais alta da ilha Terceira e uma das mais altas dos Açores. A freguesia foi a última das paróquias citadinas de Angra a ser autonomizada, correspondendo inicialmente a um território que se estendia desde a zona central da cidade até ao centro da ilha. Com a criação da freguesia do Posto Santo, a 15 de Setembro de 1980, que absorveu toda a parte rural de Santa Luzia, a freguesia ficou reduzida a um pequeno território na parte central da cidade de Angra do Heroísmo, constituindo o seu limite norte. A maior parte do seu território integra os limites legais da cidade, com parte do seu centro histórico incluído na zona classificada como conjunto de interesse público da cidade de Angra do Heroísmo5 e na zona classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. A parte da freguesia situado entre o centro histórico e a Via Circular integra a zona de proteção ao conjunto classificado.
Território
A freguesia de Santa Luzia, na configuração que resultou da autonomização em 1980 do Posto Santo,3 ocupa um território delimitado por um quadrilátero com cerca de 1,5 km de comprimento no sentido norte-sul, cerca de 600 m de largura ao longo do limite sul (com a freguesia da Sé), e 1,1 km de largura ao longo do limite norte (com o Posto Santo). Confronta a norte com o Posto Santo, a leste com a Conceição, a sul com a Sé e a oeste com São Pedro e Terra Chã, sendo que com esta última freguesia o limite se prolonga por menos de uma centena de metros.
Com apenas 1,2 km2 de área e localizado na encosta sobranceira ao centro da cidade de Angra do Heroísmo, de cuja estrutura urbana é parte, o território de Santa Luzia apresenta uma geomorfologia complexa, resultado dos dois poderosos alinhamentos tectónicos que o percorrem na direção norte-sul, formando duas escarpas paralelas, uma terminando no alto onde existiu o Castelo dos Moinhos (hoje o Alto da Memória), outra descendo paralelamente à Ladeira Branca, marcando o limite oeste da freguesia. Estas escarpas são a manifestação à superfície dos rejeitos de duas importantes falhas geológicas associadas à parte terminal do maciço da Serra do Morião e à doma do Espigão (estrutura geológica maioritariamente incluída no território do Posto Santo).
O declive é maior na parte mais baixa da freguesia, diminuindo em direcção ao nordeste, onde a zona do Farrouco, situada a leste da doma do Espigão, é aplainada, embora mantendo a pendente em direcção ao sul. É também no Farrouco que se situam os únicos solos agrícolas ainda não ocupados pela malha citadina, numa zona de solos profundos e férteis, com elevado potencial agronómico. Nesta área, a única parte da freguesia localizada fora da via circular urbana da cidade, foi recentemente construído o novo Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, o qual ocupou parte importante dos solos agrícolas remanescentes no Farrouco.
O substrato geológico do território é formado por espessas escoadas de traquibasalto com origem nos centros eruptivos associados com a formação da Caldeira de Guilherme Moniz. Na parte noroeste da freguesia o substrato, embora mantendo características traquibasálticas, aproxima-se marcadamente do traquito, especialmente nas faces expostas da doma do Espigão. A parte mais baixa da freguesia está assente sobre espessos depósitos piroclásticos consolidados num tufo hialoclástico proveniente da erupção do Monte Brasil.
A rede hidrográfica que drena o território da freguesia é incipiente, reflexo da sua pequenez e da forte orografia que impede ou limita a expansão das bacias hidrográficas para o interior da ilha. Para além dessa natural limitação, o território encontra-se fortemente humanizado, o que alterou profundamente as estruturas naturais de drenagem, as quais se encontram actualmente capturadas pelos principais arruamentos de direcção norte-sul, alguns dos quais foram em consequência fortemente erodidos, dando origem a caminhos fundos, em tempos misto de grota e de rua. Esta captura do escoamento superficial pelos caminhos esteve na origem de algumas sérias inundações que esporadicamente afectaram a zona central da cidade de Angra nos últimos três séculos. Apenas a Ribeira dos Moinhos, cujo troço inicial serve de limite ao território da freguesia no seu extremo nordeste, apesar de fortemente humanizada, mantém características reconhecíveis de curso de água.
Economia
A partir da década de 1980, quando o então lugar do Posto Santo se autonomizou de Santa Luzia, a freguesia passou a deter um território exclusivamente urbano, pelo que a sua economia passou a refletir essa realidade. Sendo a freguesia parte do núcleo citadino mais consolidado de Angra, o seu território é hoje essencialmente uma zona residencial consolidada, na qual coexistem, embora de forma pouco significativa, algumas atividades económicas ligadas ao pequeno comércio e alguns serviços administrativos.
A maioria da população está ligada ao emprego no sector terciário da economia. A economia de Santa Luzia é dominada de forma esmagadora pelo trabalho assalariado na zona urbana de Angra do Heroísmo, não subsistindo na freguesia quaisquer traços de ruralidade, sendo essencialmente uma zona de economia terciária.